Capítulo

As turmas 1949,1950 e 1951 celebram as Arcadas através o Livro de Manoel Elpídio.

Leia o capitulo “A ordem do Bode”.

Capítulo “A Ordem do Bode” Pág. 15 a 17.

Um grupo dessas três Turmas durante o curso se reunia quase toda noite depois do jantar, debaixo do relógio do Mappin, na esquina da Rua Xavier de Toledo com a Praça Ramos de Azevedo. Ali discutiam sobre política nacional, internacional e do Centro XI de Agosto, assuntos “intelectuais”, pois tínhamos poetas, futuros escritores e juristas, “muleres e mais muleres” e fatos diversos. Era o início da “Ordem do Bode”, todo mundo berra, discute, briga e ninguém f…” Ali se resolvia o programa da noite, cinema, ver a namorada, jogar snooker no Blois, no começo no antigo prédio do Mappin da Praça Patriarca e depois na Barão de Itapetininga, ir tomar chopps, comer fritas e linguiça no Bar Harmonia, que ficava perto, na Rua Xavier de Toledo, ouvindo um violino com piano, tocados por dois músicos muito velhinhos e simpáticos: partir para a boemia, no cabaré “OK” ou Dancing “Avenida”, ou qualquer outro programa.
No Bar Harmonia tomávamos chopps e jogávamos dados. Um cidadão, mais velho e animado, pediu permissão: “É jogo? É a dinheiro? Posso entrar?” “Pode”. Jogamos até de madrugada e o desconhecido perdia todas, sempre. Repetia invariavelmente: “Perco, mas perco com prazer”. Até hoje não sabemos o que fazia na vida, nem o nome dele! Mas o “Perco, mas perco com prazer” ficou no vocabulário da Turma até hoje.
Em 1949 formou-se em Direito a primeira leva da “Ordem do Bode”, a Turma de Ruy Barbosa, ano do centenário do insigne brasileiro. Por isso, a formatura foi em setembro ou outubro, bem antes do fim do ano de 1949. Os “Bodes” resolveram homenagear os Formandos, com um lauto jantar, em especial para o belo poeta José da Costa Ferreira, português, de saudosa memória, que, por modesto, só publicou suas poesias em Revistas do Centro. Assim foi inaugurado o “jantar mensal da 4.ª feira da Ordem do Bode”, que sem falha alguma, funciona até nossos dias. Começávamos por tomar um aperitivo num bar, o primeiro foi o do Mappin, na Praça Ramos de Azevedo, depois do Sevilha, no edifício da 24 de Maio esquina com Conselheiro Crispiniano, no Barba Azul, Mirin na Av. São Luiz; no Clubinho, no prédio onde fora a Vila Normanda e com entrada pelas Avenidas São Luiz e Ipiranga. Aí escolhíamos um restaurante para jantar, no jardim de Napoli, que inicialmente era na Rua Dona Paula, hoje Avenida, e que naquele tempo fazia parte do bairro do Bexiga, no Freddy, na Conselheiro Crispiniano, no Casserole, na Rua Martins Fontes, na Galeria Metrópole, o Chá Mon, na Av. São Luiz, no Sujinho, na Rua da Consolação, no Parreirinha, na Rua General Jardim, e, atualmente, no Clube Atlético Paulistano – CAP, na Rua Honduras. Essas reuniões mensais constituem as de maior duração da história da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Nosso Hino:

Ó! Que belos companheiros
Como bebem tão ligeiros
Se és covarde saia da mesa
Que nossa empresa
Requer valor
Primeira bateria
Vira, vira, vira,
Vira, vira, vira,
Já virou…

(Segunda Bateria… e assim por diante.)