O LONGO CAMINHO DESDE 1931

“A História é um profeta que olha para trás”
Friedrich Von Schlegel

O início da era Vargas, nos idos de 30, coincide com o esvaziamento do modelo político da chamada “República dos Bacharéis”, pedra de toque do liberalismo nas instituições constitucionais do Brasil. Vista através do viés dos seus desafetos, a expressão “República dos Bacharéis” servia para ironizara influência dos paulistas — leia-se bacharéis formados pela Academia do Largo de São Francisco – nos destinos do País. Desta forma a “Primeira República” passaria a ser chamada de “Velha República”, um apelido para desqualificar quaisquer iniciativa da discutível ala dos derrotados na queda de braço com o grupo do caudilho gaúcho. Naquele momento político, os liberais paulistas tentavam constituir “bolsões de resistência” visando manter unidos aqueles que congregavam os mesmos ideais políticos do liberalismo. Seriam as sementes de movimentos que iriam desaguar, anos depois, naquelas que foram chamadas as “Revoluções Paulistas dos anos 30”

1931: O NASCIMENTO DE UM VERDADEIRO “SER POLITICO”

Segundo a obra de Ana Luiza Martins e Heloisa Barbuy – “ARCADAS – História da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco” — “por sua própria história, a Faculdade de Direito (de São Paulo) tinha de si uma consciência de instituição-chave na construção do País, inclusive do regime republicano. Um dos bastiões para tornar o movimento mais robusto seria a constituição de um “grêmio” que mantivesse unidos aqueles que, oriundos da Academia, comungassem do ideal liberal”.

Em outubro de 1931, no Prédio Histórico, foi instalada a ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DA FACULDADEDE DIREITO DE SÃO PAULO. A missão fundamental da novel agremiação seria a

de, além da sua inconteste atuação política, apoiar as renovações previstas para a “Escola”. Digamos que a última alusão seria uma espécie de desculpa piedosa. Na ocasião, usando de metáfora, seu Diretor, o Antigo Aluno Alcântara Machado afirmou que a constituição da nova Associação se materializava “..no lançamento da pedra fundamental de uma construção robusta e magnífica… (referindo-se a Associação como se fora um edifício).

O recurso linguístico se fazia presente através de um duplo sentido: Alcântara Machado propunha a construção de um novo edifício para sediar a Faculdade, meta principal da sua gestão. Em entrevista concedida ao jornal “O Estado de São Paulo” na ocasião da fundação da Associação (1931),Alcântara Machado proclamou:

“(a Associação) será o órgão de ligação entre as velhas e novas gerações de juristas, pública afirmação de carinho com que os filhos espirituais da Faculdade lhe acompanham na vida, congregando os verdadeiros amigos, os amigos inteligentes e sinceros daquela oficina de cultura e civismo”

Na época, já se apresentavam como integrantes natos do quadro associativo da Entidade recém constituída, Antigos Alunos como José Carlos Macedo Soares, Lins de Vasconcellos, César Vergueiro, Waldemar Ferreira, Flamínio Fávero, Pacheco e Silva, Sampaio Vianna, Moyses Marx, entre outros.