O ELO PERDIDO

A Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, tem sua data de fundação em 14 de outubro de 1931.

Mas quais os fatos que antecederam e contribuíram para tal? Quais as inspirações e quais as influências que nortearam e sensibilizaram os seus fundadores? Vamos retroceder a data da instituição dos cursos jurídicos no Brasil e a criação da Faculdade de Direito: 11 de Agosto de 1827. Poucos anos depois, 1831, aporta como clandestino no Rio de Janeiro, oriundo da Alemanha, o jovem de vinte e poucos anos de idade JOHANN JULIUS GOTTFRIED LUDWIG FRANK. Foi o primeiro alemão de sólida formação cultural a desembarcar no Brasil. Devido a sua condição de ter sido um passageiro clandestino, ficou alguns meses retido no Rio de Janeiro.

Liberado, transferiu-se para Sorocaba, onde obteve colocação na Fábrica de Ferro Ipanema, que já contava com a mão-de-obra especializada de alemães, desenvolvida por operários imigrantes. Ali, passou a lecionar História, Geografia, Conhecimentos Gerais e Inglês. Ganhou prestígio e, graças a sua excelente formação cultural, sendo ainda poliglota, (dominava línguas como Latim, Alemão, Francês, Italiano e Inglês), foi contratado para lecionar algumas dessas disciplinas no Curso Anexo, em São Paulo.

Tal curso era um preparatório para o curso de Direito da Faculdade e, de certa forma, integrava o seu currículo regular.  Apesar de ser contratado por 10 anos, JULIO FRANK, como se aportuguesou seu extenso nome, veio a falecer em 19 de junho de 1841, aos 32 anos de idade, vítima de pneumonia. A influência que deixou entre nós, em tão curto período de tempo, foi extremamente marcante. Fundou e fez nascer a BUCHA (“Burchenschaft”: Sociedade dos Jovens. São instituições que ainda hoje existem e prosperam junto às grandes Universidades Alemãs. Essa denominação define congregações que reúnem Alunos e Antigos Aluno de determinadas Universidades com o fim primordial de alimentar os sentimentos de fraternidade e autoajuda entre si).

Por aqui, Julio Frank semeou e vaticinou aquele que talvez viesse a ser um de nossos principais motes: “Onde é que mora a amizade? Onde é que mora a alegria? No Largo de São Francisco, na Velha Academia”. E fincou as raízes do Centro Acadêmico XI de Agosto (1903) e de nossa Associação (1931). O reconhecimento por sua enorme influência está expressa no abrigar de seus restos mortais — aliás, os únicos -que repousam no solo sagrado das Arcadas. Sabe-se que a “Bucha” ganhou caráter diferente de suas homônimas, na Alemanha, tornando-se uma sociedade fechada e, de certa forma, secreta. E que dela participaram Antigos Alunos que vieram a ter influência decisiva na vida política, jurídica e social do País. Nomes como o de Affonso Pena, Prudente de Moraes, Campos Salles, Barão do Rio Branco e Ruy Barbosa figuram, entre outros, de igual significado. Sabe-se, igualmente, que o período de influência mais perceptível da “Bucha” se estendeu até a década de 30, quando a fundação da Associação dos Antigos Alunos criou condições para que parte relevante de seus objetivos passasse a ter tratamento aberto, às claras, no cenário arcadiano.