Abolição da “Esgravatura”

Em março de 1972, o então Diretor de nossa Faculdade, o Prof. Titular José Pinto Antunes, acolheu reivindicações dos acadêmicos da época, no sentido de liberar a frequência às aulas, para os homens, sem o traje social completo, qual seja o uso do paletó e da gravata.
Neste início do ano, o ESTADÃO em sua edição de 29 de fevereiro, trouxe interessante matéria assinalada pelo jornalista Felipe Tau, de cujo teor selecionamos e transcrevemos os seguintes trechos:
“A luta pela “abolição” começou em março de 1970, com o Centro Acadêmico 11 de Agosto distribuindo o manifesto Abaixo a Gravata. Dois anos depois, após diversas negativas da diretoria, o pedido do presidente do C. A. na época, Antônio de Gouveia Júnior (1945-2011), foi finalmente aceito pelo diretor Antunes. No decreto, porém, ele advertia: “de bermuda ninguém entra aqui”.
“O paletó e gravata era minoria entre os estudantes da turma da manhã, mas, entre os professores, a vestimenta persiste. Era o caso do ex-professor da faculdade e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer. De blazer e gravata, ele contrastava com os calouros de bermuda e camisetas estampadas.”
“Aluno da turma de 1964, Lafer conta que na sua época nem se pensava em tirar a gravata. Depois de se formar, em 1964, Celso Lafer voltou à faculdade como professor, em 1971, e testemunhou a mudança na vestimenta. “O pessoal de mais tradição ficou um pouco incomodado. Mas era jovem na época, não vi problemas.”
“Aluno da última turma a usar terno e gravata, graduada em 1971, o advogado Percy Heckmann, de 64 anos, diz que nem todos os alunos achavam a formalidade ruim. “O paletó e gravata eram quase as nossas becas, mostrava que estávamos em uma das faculdades mais tradicionais do Brasil, tínhamos orgulho de usar”, lembra ele, vice-presidente da associação dos antigos alunos da faculdade.”
“O advogado Paulo Roberto de Oliveira, de 64 anos, formado no ano da “abolição” da gravata, diz que metade dos colegas da noite deixou de usar o acessório. Embora fizesse parte da outra metade, por trabalhar perto da faculdade, ele apoiou a medida na época. “A gente tem de acompanhar os tempos.”
“Acessório vem da Antiguidade”
Segundo o professor Lázaro Eli, coordenador do curso de bacharelado em Design de Moda do Senac, a gravata, em uma forma mais rudimentar e diferente da que conhecemos hoje, já era usada por egípcios e soldados chineses e romanos antes de Cristo. Servia para proteger e aquecer a garganta, especialmente pelos romanos. Só viria a ter o sentido empregado hoje, de distinção social e acessório de moda, com os soldados croatas, no século 19. Os croatas (ou “croats”, em francês) também inspiraram o nome do acessório.”