Velha Faculdade Inspirados poemas de Hoeppner Dutra, de 1935, recuperados e ora apresentados aos Antigos Alunos.
Inspirados poemas de Hoeppner Dutra, de 1935, recuperados e ora apresentados aos Antigos Alunos, graças ao colega Marco Aurélio de Oliveira Ribeiro Cattani, da turma de 1964.
VELHA FACULDADE
(1935)
Minha velha Faculdade,
de arcadas solarengas,
longos beirais,
cornijas poeirentas
e lampadários de azeite
(sonolentos),
A pender no ar saudades consumidas.
Minha velha Faculdade
dos tempos coloniais.
Daqueles tempos de garoa leve,
peneirante, suave,
a pingalhar pelas ruas estreitas,
tristes, escuras,
cirandas de ilusão.
Das casinhas brancas nos barrancos
e das moradas senhoriais
sombrejadas de mangueiras
e líricos roseirais.
Dos chalés festivos,
cobertos de parasitas
e vidraçaria alegre,
esquisita,
a esplandecer lampejos multicores
no conchego das luzes confidenciais.
Velha Faculdade
que vive comigo
numa grande saudade!
Saudade de um São Paulo antigo,
quase aldeia
(ainda menino)
dos moços poetas
e dos langorosos lampeões a gás.
Velha Faculdade
dos tempos coloniais…
Quantas vezes, quantas!
levado pela saudade,
ao sabor da nostalgia,
pus-me a espreitar as curvas macilentas das arcadas.
E, quantas vezes, quantas! , vi passar Azevedo,
silente, encurvado, merencório,
sorvendo numa taça de tormentos
O “spleen” das “Noites da Taverna”.
Velha Faculdade
que vive comigo
numa grande saudade!
Hoeppner Dutra
Bons tempos os de estudante
na “Velha Academia”.
livros dormindo na estante,
e a gente na alegre boemia.
Embora digam que não,
com sol, chuva ou chuvisco,
rodeando elas sempre estão
o Largo de São Francisco.
Cinco anos na Faculdade,
passam logo, de repente,
Depois, a gente sai dela,
mas ela não sai da gente.
Hoeppner Dutra